No mês de conscientização sobre o câncer de mama, o preconceito, a invisibilidade e o desconhecimento ainda são barreiras para a prevenção de certos grupos. É o caso dos homens transgêneros, que mesmo com corpos e jornadas diversas, encontram esses percalços em comum. Pensando nisso, o Centro de Infectologia de Sobral (Cris), em uma iniciativa inédita no Ceará, está oferecendo exames preventivos de câncer de mama para homens trans atendidos na unidade.

Embora a campanha do Outubro Rosa alerte especialmente a mulher cisgênero sobre a prevenção contra o câncer de mama, o risco também existe para pessoas trans. A gerente do Cris, Sandra Flor, chama a atenção para a abordagem humanizada e inclusiva adotada pela unidade, principalmente em relação aos homens trans que já enfrentam diversos fatores socioculturais e socioeconômicos.

No Centro, os pacientes são atendidos pela enfermeira Socorro Castro, que faz a prevenção e, posteriormente, são atendidos pelo médico ginecologista e obstetra, Guarany Mont'Alverne, que alerta sobre a importância da realização dos exames. “Os homens trans permanecem com colo do útero e a maioria permanece com a mama, então devem realizar os exames de prevenção da mesma forma que as mulheres”.

O chefe de núcleo da Diversidade Sexual da Secretaria dos Direitos Humanos e Assistência Social (Sedhas), Rogers Sabóia, fala sobre a importância da ação promovida pelo Cris, destacando o respeito ao nome social e a identidade de gênero do paciente. “Saliento a importância e a eficácia de um equipamento do SUS estar fazendo esse acompanhamento direto com homens trans e pessoas transmaculinas, estamos promovendo não um Outubro Rosa, mas da cor de quem tem peito, tirar da invisibilidade os corpos cis divergentes”.

Durante o momento de socialização dos profissionais da unidade com os pacientes, com lanche e interação entre os presentes, percebe-se a importância do acolhimento na integração da população trans com os serviços de saúde. O estudante Bernardo Ucker, futuro técnico de enfermagem, que é acompanhado pelo Cris há cinco anos e de seis em seis meses está na unidade para fazer exames, aponta a importância do serviço disponibilizado e de um tratamento humanizado. “Sempre fui bem acolhido pelo Cris, como homem trans ninguém nunca errou meu pronome, aqui não é só um serviço de saúde, é um serviço humanizado. Muitas vezes passamos despercebidos pela sociedade e é em momentos como esse que eu me sinto visto”, afirmou.

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